Talvez não seja fácil criar caminhos sobre o nada e inventar um trajeto que o faça atravessar os assombros de si mesmo. A certo ponto é possível que doa desfazer-se de tudo aquilo que era caro apenas para olhar-se de frente e desprovido de disfarces. Por fim será estranho ver abismar-se diante de si um desconhecido, cheio de avessos desejos e belezas incógnitas. Mas é exatamente nesse encontro, nesse desembolar de novelos, que a vida vai se tornando mais leve.
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
Para lavar a alma...
Quer me fazer feliz? Então leve-me para viver perto do mar.
Um mar sereno, de águas tranqüilas, onde eu possa mergulhar sem medo.
Onde a minha alma seja lavada toda manhã e eu a possa pôr a quarar no sol.
A mansidão de cada dia será como um remédio para as minhas ansiedades,
para esse meu querer incansável.
E na brandura de cada dia poderei embalar os monstros que me habitam.
No vaivém do mar hão de adormecer e não me perturbarão mais.
Leve-me logo, porque daqui não vejo meios por onde escapar.
Pareço engolida pelo mundo, no estômago da vida.
Quarto sem janelas. Meio do continente.
Há sempre limites demais. No mar não.
Estar na beira de suas águas é como olhar o mundo da sua própria beirada.
Perto do mar o mundo tem suas portas abertas,
e a minha alma sente-se livre.
(Kattlyn Pereira - Março/2010)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um texto só é literário se nele houver poesia, mesmo sendo em prosa. Literatura se faz de sensibilidade, delicadeza e dúvida. É a descoberta do novo, mais ainda, é se transformar nesse novo. Kattlyn tudo isso se aplica ao seu texto. Lindo!
ResponderExcluir