quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Sede



Há uma letra que me dói repetitiva.
Um ressonar intruso que me invade sem permissão,
Tirando a minha calma.
Um fonema vibrante, que em alto e bom tom
Toma-me a qualquer hora do dia.
É sem escrúpulos e nunca me poupa.
Quer ser ouvido, espalhar-se, enlouquecer-me.
Enquanto eu só desejo esquecer essa exigência aflita,
Esse desconforto.

Esse nome, que transita entre o sentido e o desconexo, é você.
E ao mesmo tempo é outro,
Ás vezes até me parece prescindir de um rosto.
Mas o nome é sempre o mesmo.
E grita insistente.
Como um vazio, que tudo arrasta para dentro de si.
Um vácuo. Quer engolir o mundo, pôr no lugar.
Preencher o espaço de onde você me escapa.
E assim, quem sabe,
Saciar esse tipo de sede que é existir.



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Para lavar a alma...





Quer me fazer feliz? Então leve-me para viver perto do mar. 
Um mar sereno, de águas tranqüilas, onde eu possa mergulhar sem medo.
Onde a minha alma seja lavada toda manhã e eu a possa pôr a quarar no sol. 
A mansidão de cada dia será como um remédio para as minhas ansiedades, 
para esse meu querer incansável. 
E na brandura de cada dia poderei embalar os monstros que me habitam.
No vaivém do mar hão de adormecer e não me perturbarão mais. 
Leve-me logo, porque daqui não vejo meios por onde escapar. 
Pareço engolida pelo mundo, no estômago da vida. 
Quarto sem janelas. Meio do continente. 
Há sempre limites demais. No mar não. 
Estar na beira de suas águas é como olhar o mundo da sua própria beirada.
Perto do mar o mundo tem suas portas abertas, 
e a minha alma sente-se livre. 

(Kattlyn Pereira - Março/2010)