quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sobre cerejas e desejos


Quero uma cereja. E ir pra França, e ver o mar... Tem dias que eu quero tudo! Vontade de voar. De conhecer outros lugares, outros ventos. Sentir a vida bater no rosto como gotinhas de chuva. Tremer de frio, suar, cansar, correr. Perceber o movimento nas veias. E doer e ser bom, e pegar e largar. A dança da vida precisa seguir com desenvoltura os próximos passos. E é da minha natureza infantil improvisar as cenas do grande show, o espetáculo de se jogar no mundo sem redes de proteção. Gosto de brincar com fogo e às vezes até gosto de me queimar. Que seria de nós sem alguns arranhões, sem algumas tardes de melancolia, sem uns ataques histéricos? Não tenho talento para o equilíbrio chato de ser feliz o tempo todo. E gostar de tudo certinho, e tudo acabadinho, e tudo no lugar. Quero é uma cereja, bem doce. E ver o mar...

segunda-feira, 2 de abril de 2012


Sou feita de tempo e palavras. Páginas de livro, letras de música, frases sem sentido. Conta-se nos saltos dos meus ponteiros as minhas esperas. E nos meus silêncios, milhares de expectativas. Sou relativa, reativa, passional. E às vezes temo não passar de um texto sem nexo, um tempo que escorrega desatento, sem deixar marcas ao redor.

Sou tempo, sou palavras. Mas em essência sou indizível, atemp...oral. Livre de convenções e significados acabados. Posso flutuar pelos sentidos, pela falta de sentido, pelos sentimentos. Não posso ser apreendida, porque sou de substância etérea. Como é etéreo tudo que me cerca.

Gosto do movimento, dos tique-taques do relógio, de palavras que vão se misturando para dizer nas entrelinhas o que na verdade, é quase só uma suposição. E de tanto querer dizer e enxergar o impossível, espero do mundo mais do que o normal. Espero o extraordinário.